quarta-feira, setembro 26, 2007

Rock n' Roll - 2.

Ou ,talvez, música eletrônica.

A Barata Amada.

Uma barata rói
meu dedo enquanto
durmo. Acordo com
a raiva de um
soldado e com
o lençol a fuzilo.
Sem piedade.

A barata cai
no infinito atrás
do beliche e
durmo novamente,
preocupado. “Está
viva ou morta, depois
da mortífera pancada?”

O sono volta,
paro de pensar
na barata morta e
tomado sou da
realidade, do consciente.
Sonho com
minha amada.

Na conversa onírica,
debatendo o futuro, ajeitamos
destinos, plantamos
promessas, acordos.
Despeço-me formalmente,
respeitando imensamente
minha querida – sem beijos quentes.

No trabalho vou
sonhando em meio ao
caos, desordem e
impureza. Imaginando
o que, realmente,
foi sonho ou
realidade na manhã pitoresca.

Minha amada criou
asas e comigo
foi pelo dia
afora. E a barata,
falando, foi
o seu significado
interpretando.

No fim da noite, com a
barata ainda converso – minha
nobre realidade.
Passadas as horas
importantes, suspiro,
triste. E confesso-lhe a verdade:
“que falta sinto de minha adorada”.

terça-feira, setembro 18, 2007

domingo, setembro 16, 2007

sábado, setembro 15, 2007

Cabra macho, sim senhor!

Rosemar sentia-se triste pela vida que levava.
No dia 29 de outubro, Rosemar procurou a liberdade. Esperou seu filho dormir, sua mulher roncar, o grilo cantar antes do galo, e, sentado na única mesa da casa, ao lado de uma garrafa d’água e um sujo copo quebrado, decidiu embebedar-se – como em um dos dois filmes que teve a oportunidade de ver no decorrer da vida, e que chegou cálido e confortável na memória.
Encheu o copo – com a água da garrafa – e mandou pra dentro. Tá! – o copo bate na mesa – o líquido desce resistindo, quente, rasgando. Mais um copo, mais outro. Tá! Tá! Tá! ... Rosemar sentia a realidade, tomada em goles.
Quando o galo cantou, após o grilo, quando o negro da noite acinzentou-se, Rosemar enlouquecia de melancolia; triste como os bezerros criados para a vitela, Baby Beef. Porém Rosemar não era boi, muito menos bezerro, era cabra macho! Era chama forte que, um dia, ardeu e iluminou longe, carne de pescoço, como disse o poeta. Todavia, em meio aos Beefs e carnes tenras, a chama esmaeceu; sobrou uma chama pequena, como as que dançam com dificuldade no topo da vela. Ali estava Rosemar, sentindo o formigamento do corpo; dando fim a um potencial. Não digam que não sofreu, que não chorou.

Três curtos dias depois no hospital, Dr. ... deu a notícia à família:
- Foi coma alcoólico, sinto muito.

Na cabeça dos conhecidos a última imagem foi o sorriso. Mas Rosemar não sorria quando, refestelado na cadeira, olhando para o chão, entregue à inércia e sufocado pela tristeza, sentia o momento de sua morte.

Mamãe ...



"Mamãe ... por que os seres humanos são tão deploráveis?"



Ao professor com carinho.

Como fala,
Anão pedante;
Mostrando sua ignorância decorada.
Mostre-me dados relevantes
Não essa sua ladainha enfeitada.

sexta-feira, setembro 14, 2007

A Formiga.

A formiga trabalha ...
Trabalha, trabalha ...
E me lembro de Neruda:
É verdade que no formigueiro
Os sonhos são obrigatórios?

domingo, setembro 09, 2007

sexta-feira, setembro 07, 2007

Sobre Dr. Paulo e sua avó.

- Não sei explicar o que aconteceu, doutor. Eu simplesmente fiquei tonto e vomitei.

- Mas não é possível. Por que fez isso, afinal de contas?

- Foi uma loucura. Fiquei intrigado com aquele fluxo que não parava; que ninguém nunca interrompia depois de começado. Fiquei revoltado e forcei a bexiga para parar; parou, mas tudo ficou escuro; senti náuseas, fraqueza. Quando dei por mim já havia vomitado e estava com as roupas todas mijadas. Além do chão do banheiro. Um horror, Dr. Paulo, um horror.

- Mas você conseguiu interromper?

- Sim, por pouco tempo. Até onde consegui suportar a dor no estômago.

- Muito bem, meu caro. Você acaba de abrir uma fresta de uma das portas abandonadas da medicina. Mas fique tranqüilo, não há nada de errado com seu organismo. O que sentiu foi momentâneo, devido ao esforço que fez. Nada mais. Só não tente isso novamente.

Acabado o dia, Paulo voltou para casa, pensando no caso estranho de seu paciente, e nas conseqüências ainda mais estranhas que o ato causou. Conversou com sua mulher sobre o fato, mas não com seu filho, temendo uma atitude semelhante do garoto, que ficaria mais curioso que ele próprio.

Na madrugada, dentro do banheiro e prestes a urinar, lembrou do paciente. Resolveu averiguar. Depois dos dois segundos iniciais, forçou a bexiga para prender o líquido. O choque da interrupção foi tamanho que Paulo inclinou-se de dor. Escorregou e bateu a cabeça na pia: relaxou seu abdômen, mijando-se todo. Recuperado do choque, embaraçado, Paulo tentou erguer-se, mas sentiu-se mal. Vomitou no chão limpo, mas já com poças de urina, do banheiro.

No dia seguinte foi trabalhar com uma faixa na cabeça; com vergonha da mulher, que o viu no lastimável estado lavando o banheiro na madrugada, e com a lembrança de sua finada avó, que sempre dizia: “Nunca prenda o xixi, Paulinho”.

Racunho para "A Maça".