domingo, agosto 12, 2007

O Cachorro e o Anão - 3.

O Anão e o Cachorro

Há três meses atrás, enquanto entregava um trabalho para um cliente, cartuns de segurança no trabalho, em uma obra de um futuro edifício comercial, tive o imenso prazer de conhecer Terry.

Terry Evermond é um empresário americano de breve passagem pelo Brasil. Possui uma rede de lojas de informática, a Comperck's. Esperava fazer negócio comprando um dos andares do prédio comercial onde o encontrei, expandindo sua rede até no Brasil.

Ao ouvir meu nome da boca do meu cliente, o chefe da obra, veio cumprimentar-me com real alegria. Perguntou se era eu o desenhista do blog "ENTRE O SONO e o sonho", elogiando-me pelos desenhos e textos e dizendo que sentiu maior interesse pela série "O Cachorro e o Anão".

Terry fala português fluentemente, assim como alemão, espanhol, japonês e italiano, devido a necessidade que seu trabalho impõe. Possui uma inteligência acima da média dos mais inteligentes e conversa de uma forma inspiradora e cativante. Trinte e oito anos bem vividos e aproveitados; uma figura realmente pictórica.

Fui convidado a uma reunião festiva que Terry promoveria em São Paulo. Contaria com presenças importantes: articuladores da informática no Brasil, empresários de sucesso e poucas celebridades comerciais, que Terry conhecia. Pagou-me a passagem e estadia.

Posso dizer que vi muita gente importante, que só observara pela televisão ou revista. Comida excelente, mulheres lindas, semi-deusas, e jazz de melhor qualidade tocado por um grupo americano que Terry trouxe direto dos EUA para a festa. Não receio em dizer que foi uma das melhores noites que já passei.

Sr. Evermond, como todos do salão o chamavam, elevou meus talentos artísticos, muito mais que eu mereço ou merecerei, aos outros convidados e pediu-me para acompanhá-lo à cobertura, onde estava hospedado com seu cachorro Pastor Alemão Branco : Bubastis.

A semelhança de nome do animal de Terry com o de Adrian Veidt, personagem do Watchmen, fez com que eu ficasse extasiado. Havia conhecido um homem semelhante ao brilhante personagem; e talvez, como no quadrinho, ele poderia ser um dos homens mais inteligentes do mundo.

Terry havia levado alguns de seus melhores amigos para a cobertura para assistirem uma prova de meu suposto domínio sobre o desenho. Entregou-me um lápis, um papel e uma prancheta: pediu para desenhá-lo com Bubastis.

Durante meu rápido trabalho, comentei sobre o bom nome de seu bom e belo cachorro, citei Watchmen e Adrian Veidt, e a engraçada semelhança que alojei no meu cérebro.

Depois de ter lido Watchmen procurei algo a respeito sobre o nome Bubastis: descobri ser uma cidade do antigo Egito que ficara famosa pela adoração da deusa Bastet. Fazia sentido. Adrian era fascinado pelo Egito. Faria sentido também o gosto de Terry pelo mesmo.

Perguntei se o motivo do nome era o mesmo do personagem, a cidade egípcia. E para minha surpresa ouvi Terry dizer: "Não, meu amigo, o nome é em homenagem a Watchmen, eu adoro aquela obra".

Passei somente algumas horas em São Paulo, mas foram mais que suficientes para acender o desejo de criação. Reconheci em Terry Evermond um fã sem igual de quadrinhos, e devo a isso seu respeito pelos meus humildes desenhos.

Dei o desenho ao Terry. Ele mandou-me uma cópia por e-mail; disse que minha arte estava em evolução e que não tardaria para descobrir minha própria capacidade de expressão; que seria uma grande artista no futuro.

Agradeço ao Terry pela grande experiência. E quando ouvir a palavra "anão" ou o nome da maravilhosa obra "Watchmen", lembrarei de Terry Evermond, o anão mais inteligente que o mundo concebeu. Obrigado Terry, e Bubastis.

O Anão e o Cachorro.

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