terça-feira, julho 03, 2007

O gato.

Seguia distraído quando vi o gato ao longe. Era de um tom marrom, rajado; pequeno; estava estático, em postura de ataque, olhando para um lugar que não me era visível até então.

Continuei em sua direção, admirado com sua postura e concentração oriental. Cheguei perto o suficiente para perceber que ele tinha um público: congelado em frente ao portão, o felino era observado pelos moradores da casa, um casal de idosos, sentados no quintal em um par de cadeiras de praia, quietos e concentrados como o bichano.

Entrei no campo de visão dos velhos, no começo do portão da casa, e assustei-me com o vôo de dois pássaros; voaram assustados com minha súbita presença. Eram as futuras vítimas do gato.

Inconsolavelmente o gato permaneceu em sua postura por alguns segundos. Olhou para mim com um ar triste; continuou me olhando até eu desaparecer ao virar a próxima esquina.

Os dois idosos soltaram um suspiro mudo. O homem tentou se levantar da cadeira, lentamente, indignado. A mulher o ajudou e entraram na casa.

Estraguei um espetáculo. Criei outro digno de nota.

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