segunda-feira, abril 02, 2007

Pai.

Olhando para ele, segurando-o entre minhas mãos, sentindo seu coração pulsar e sua respiração tranquila, estava eu, a beira do precipício. Lugar desconhecido até mesmo pelos sonhos mais imaginativos, negro e grosseiro, produto de minha guerra contra o que as pessoas chamam de "vida" . Mas que belo bebê, que bebê mais belo.
Com muito pesar, mas somente de muito pensar, o arremessei para longe. Olhando o fruto de minha irresponsabilidade e fragilidade caindo nos confins do negro infinito. A tristeza pesada me abraçou com força sobre-humana, difícil de relatar, porém tinha que superar, dar as costas e voltar a campo de batalha para terminar de lutar.
Tão negro e denso se tornou meu caminho regresso.
Voltando, chorando, imaginei como seria odiado se o criasse em meio aos meus conflitos constantes e sangrentos com a chamada harmonia. Foi um favor que lhe fiz.
De repente, depois de minha resolução de desistir da luta, com a espada na mão, o fio na minha garganta, ouço um grito. Grito grosso e forte, que dissipava a escuridão ao redor, não com facilidade, mas com vigor e seriedade.
E voando vi o rejeitado iluminar toda aquela escuridão, que me impedia de passar.
Parando a minha frente, com face alegre e determinada, mostrou-me como a escuridão é frágil. Quebrou meus grilhões e, a milhares de metros distantes, derrotou meu inimigo mais cruel, somente com sua força do pensar.
Não entendia como tão forte indivíduo podeira ser minha cria. Mas a verdade é que depois de um tempo, quando o ouvia me chamar de "pai", não me desesperava e chorava, mas alegrava-me e, somente, sorria.

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