quinta-feira, fevereiro 22, 2007

O cocheiro cochila ...

No meio de tantas atividades em minhas gloriosas férias, entre entrar no orkut e ir ao banheiro, lembrei que eu tenho outro "blog" .

Não me lembrava do motivo que me fez sair dele, mas foi só entrar novamente na página para a sensação voltar novamente . "Positive Vibrations Always" é o lema dessa comunidade virtual. Se já não bastasse o fato de ser brega, o dono do site insiste em mandar mensagens com frases filosóficas de esquina para todos que possuem conta no "blog", mesmo com alguns posts, principalmente os meus, tratando de assuntos sobre suicídio, morte, futilidade e tristeza, dramas em geral.
Dei uma olhada no perfil do senhor que manda as mensagens de apoio. Um empresário de sucesso, todo feliz, mora nos EUA se não me engano, tem um escritório com vista para um jardim, acha que pode fazer o que quiser através de força de vontade e determinação, gosta de usar palavras em inglês mesmo sendo um site destinado à brasileiros, enfim ... um completo idiota.
E olhando meus pots da época, me deparei com uma crítica ácida a sociedade.
Segue o texto abaixo ... escrito em 17/11/2006.

São 7:50h no relógio ao lado do computador, está tentando ser legal comigo e me fazer esquecer que já são quase 3 da madrugada ...
Madrugadas .. ah! nada melhor que uma noite de insônia para você ficar pensando na vida, lembrar do passado, curtir a sessão nostalgia.
Tenho um caderno que uso para escrever meus pensamentos em noites assim, pessoas ficariam chocadas se lessem o seu conteúdo. Premonições, sensações estranhas antes de tragédias, tenho tudo escrito. Bom, sei que ele vai continuar secreto por um bom tempo, afinal... duvido que alguém leia isso.E como ninguém lê, posso me sentir a vontade para dizer o que quiser.
Hoje não estou afim de inventar contos que envolvam bebida, fumo e música, prefiro desabafar, hoje em dia é tão difícil isso.Começando pelo desenho acima, não tem nada a ver com o texto, nem com o contexto, se bem que um rapaz solitário sozinho em uma cidade se encaixa perfeitamente no meu caso (é ai que você tem que sentir pena de mim, colabore!) . Nesse computador só tenho uma foto somente, tirada por uma pessoa em que penso mais do que deveria já há algum tempo, optei não colocá-la para não me lembrar dessa crise deplorável, ao olhar o desenho ao menos me lembro dos bons tempos em que ficava o dia todo em casa assistindo Locomotion.
No começo do ano, aliás, no final do ano passado, fiz uma lista com minhas metas para o novo ano que estava para vir. Arrumar um emprego, estudar sério, ir para Fanzinecom, desenhar mais e trabalhar em cima dos quadrinhos.. certo .. arrumei um emprego, fiz cursinho durante um ano inteiro, do começo ao fim, ganhei prêmio por um desenho meu, me esforcei, comi mal, dormi mal. Agora vejo que cumpri quase 70% da minha lista, e isso não me satisfez, poderia estar namorando com a menina da tatuagem, poderia estar na UEL, poderia estar ganhando milhões com o Velhão.. e com certeza isso não me satisfaria. Posso escrever páginas e páginas, te convencendo que meus problemas são piores que os seus, fazendo com que você sinta pena de mim, reclamando e reclamando, como TODOS fazem e pensam, mas não adianta.
Ontem ao voltar para casa observei uma menina extremamente gorda, ao nível mórbido, andando na calçada vindo em minha direção, fixou seu olhar em mim como se aquela calça de alguma marca fútil, aquele salto alto e a bolsa de "marca" fossem fazer, como mágica, eu me apaixonar por ela, ou pelo menos esperava que eu retribuísse o olhar de um jeito insinuante, tipo .. "vamos fazer sexo?" .
Algumas semanas atrás andava eu pelo centro, com o fone no ouvido curtindo uma das bandas americanas ou inglesas intituladas de "indie", pensando em que lugar poderia comprar uma camiseta legal,considerando até que 30 reais não é tão caro. Quando, distraído, trombo em uma menina toda suja, com alguns dentes da frente pretos, com a mão estendida para mim pedindo algo. Algo que não ouvi, pois só escutava "we are all animals.." da música que tocava no mp3.
Certa vez entrou um cliente na loja, estava triste, não muito velho. Olhava para mim como se reparesse em cada detalhe do meu rosto, tocava nos produtos como se sentisse tudo nos mínimos detalhes, de uma textura a outra, tudo com muita calma . Disse que tinha cancêr, e sabia exatamente quando iria morrer.
Conheci o Marcelo há algum tempo também, aquele que de um dia para o outro perdeu quase todos os movimentos do corpo por causa de doença. E a minha mais rápida companheira de trabalho, que tem um filho surdo? ...Não .. é mais legal ficar reclamando o tempo todo, se fazer de cansado, pensar em qual vai ser o bar que vamos sair sábado, ou quanto falta para comprar aquele tênis com molas que vi na vitrine..
As pessoas só pensam em dinheiro o tempo todo, pagar contas, fazer contas, se esquecem, a maioria nem sabe, que na vida há muito mais que isso.
Se gostar de verdade de uma pessoa, diga a ela.. se sentir ódio, raiva, diga .. respeite os outros, aproveite a vida e pare de agir como idiota... como eu ajo..Competição? estudo? 700 por vaga? futuro brilhante? carreira de sucesso? pois bem ... me esforçarei ao máximo para superar todos e ser o melhor, só para no final, mostrar à todos como isso tudo não serve para nada se não se vive de verdade...
nos vendemos por lixo...
adoramos lixo...
tudo ...
lixo!

terça-feira, fevereiro 20, 2007

Maldição.

Havia, há algum tempo,
Algo diferente

Eu sei
Eu vivi
Conheci o que se perdeu

De todos foi roubado,
Do pobre ao rico
Todos sentiram
Falta do que morreu

O novo substituiu
O novo apagou
Um feixe intenso na mente
Cobrindo com ardor

Alguém sobrou?
Alguém percebeu?

A humanidade ainda nova
Já se perdeu
Confundiu-se
Sozinha

Eu sei
Eu vivi
Não era assim

Olhe ao redor do mundo
Eles também sabem
Não conheceram
Não sentiram plenamente
Impedidos foram
Pela violência e miséria

Olhe para eles
Eles também sabem
Tristes
Calados

Eu sei
Eu vivo o novo

Minha lembrança turva
Minha luta
Minha indignação

Sinto o novo
Ouço o novo
Faço o novo

Não quero
Mas faço parte

E quando eu esquecer?
E quando o último brilho morrer?

Sentirão falta os novos,
De algo que não conheceram?
Saberão eles que o que dizem
E o que fazem
Foi corrompido?

Não
Ninguém sabe

Mas eu sei
Eu vivi
E permaneço triste
Vendo o fim
Assim ...



Se o esquecimento é uma dádiva, a lembrança é uma maldição.

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

Para quem?

"vazio
invisível
perdido
inseguro
sozinho
triste
ansioso
dramático
idiota"


Sempre via em filmes, uma grande perda, uma grande mudança na vida do personagem. Do dia pra noite, mudavam-se os pensamentos e, como em um passe de mágica, mudava-se a vida. Um grande lutador, um grande escritor, assim, do nada, surgia. A pessoa acordava o que estava adormecido dentro dela, como se o determinado fato abrisse a porta da genialidade ou da total disciplina e abnegação.

Por muito tempo pensei (e desejei) sobre quando e de quê forma isso aconteceria comigo, ou se aconteceria.

Presenciei acidentes, corpos ao meio, mortes, roubos, seqüestros, desonestidades, injustiças, brigas, sangue... Perdi muita coisa material e muitas coisas não materiais que eu realmente dava valor, chorei, ri, comi, dormi, e nada aconteceu. Fracassei milhares de vezes em meus objetivos, não consegui nem metade do que eu esperava ter na minha idade, e nada. Por mais triste, feliz ou mesmo nervoso que eu fique, parece que essa chave não liga, nada muda.

Quando começamos a tocar guitarra, nas primeiras aulas, a maior dificuldade não são os acordes ou as posições que não estamos acostumados, mas sim a dor que você sente na ponta dos dedos depois de algum tempo, até a formação dos calos. Calos nos dedos.

Ao contrário dos filmes, acho que na maioria dos casos em que as pessoas sofrem com algo, não são abertas portas mágicas para um caminho glorioso, mas são formados calos, como nos dedos dos alunos de violão. Assim, depois de um tempo é mais fácil agüentar certas coisas, de se importar menos com a dor e prestar mais atenção na posição para tirar o som perfeito do próximo acorde. Aprendendo com os erros, e reconhecendo que eles são necessários. Assim que se aprende a tocar violão. E assim que se aprende a observar a vida.

Não me lembro de nenhum momento em especial em que ganhei uma força extra depois de um acontecimento, mas sinto meus calos, vejo meus calos, por qualquer lugar que olho, eu os reconheço. Eles impedem que eu sinta as dores de um principiante e me ajudam a observar onde foi exatamente que o som saiu desafinado.

Com calos, sem calos...

Uma grande perda? o que seria isso? ... Qual o nível de intensidade que uma pessoa agüenta? Quanto tempo um ser humano consegue viver sozinho? Isolado? Sem amigos, sem família. Sem futuro, vivendo sempre do básico, sempre da mesma coisa. Até que ponto uma pessoa pode realmente amar a outra? Até que ponto ela pode sofrer pela outra? E a dor? Até que nível agüentamos a dor física? Que tipo de influência os pensamentos podem nos causar? ... Até quando é possível gostar de um pessoa sem dizer a ela? ...

Pretendo descobrir as respostas por mim mesmo , mas será doloroso ... eu não sei tocar violão.

quinta-feira, fevereiro 15, 2007

Arte escolar (2) .


Capa nostálgica número 2 . Essa é a 1 na verdade, por se tratar da parte da frente.

Apesar do esforços infantis de minha irmã, ela não conseguiu estragar totalmente a capa com seus riscos de macaco. É, eu a amo.
Essas letras em japonês são obras de um amigo, japonês, que não parece japonês por sinal. Não faço idéia do que esteja escrito.

Arte trabalhista.


Alimentando minha parte insana.

Caneta BIC + quarta feira quente + sono + tédio + folha de papel reciclado + buzina de carro = quebra de contrato e desenho no trabalho.

Desenhar com BIC é uma maravilha.

Arte escolar (1) .


Meus cadernos da época do colégio são galerias toscas de arte.

Em meio a tanta matéria esquecida e aparentemente inútil eles estão lá ,os desenhos, feitos em aulas tediosas.
Enquanto foliava o caderno, lembrei de como minha vida era tão cheia de detalhes e pessoas, tudo era divertido e bizarro, tudo era motivo de gozação e xingamento. Hoje não...
É um amigo, família, um trabalho. Rotineiro e cansativo dia-a-dia. Blah!

domingo, fevereiro 04, 2007

10 centavos.

Poderia descrever o que senti criando um personagem qualquer e cobrindo a situação com milhares de metáforas, coisas que pensei mas que não desejo demonstrar, dizer por mim através de outros. Afinal , acho que isso é o que mais me fascina na literatura. E isso que faço na maioria das vezes ...

4 da tarde, depois de perder metade de meu dia trabalhando em algo aparentemente inútil , corri para o bar da esquina e comprei 4 engradados de cerveja.
Já estava tudo combinado, iríamos na casa do Rodrigão beber até a noite chegar. Já aquecidos e prontos para aproveitar as nossas vidas, passaríamos em alguma boate ou barzinho da moda para ficar com algumas gostosas.
Tudo estava correndo conforme os planos. Uma semana, fazia uma semana que estava pensando naquele sábado," passei segunda, terça, quarta, quinta e sexta me preparando pra hoje, vai ser animal".

O calor estava de matar, não conseguia ficar dentro do carro, mesmo com a ar condicionado ligado. Mudei para a temperatura mínima e segui o caminho.
Só pensava na cerveja gelada e na mulherada. Pensei na menina que conheci alguns dias atrás, poderia até chama-lá, mas iria cortar meu barato com as outras, "só quero me divertir, vou deixar esse lance de relacionamento sério para os outros manés".
Estava suando mesmo com a porcaria do ar ligado, devia estar uns 50 graus lá fora. "Preciso mudar essa merda de ar, vou pegar meu pagamento de hoje e investir nisso, segunda mesmo". O fato de eu morar com meus pais e ter tudo pago por eles me poupava de muitos aborrecimentos, podia fazer o que quisesse com meu salário.

Havia chego na avenida perto da casa do Rodrigão, uma subida de 900 metros, tão íngreme que até sentia estar em uma reta de 90 graus. O carro sempre subia com dificultade aquela parada.
Passei pela região dos bares, uns tipos bebendo cerveja e rindo alto, umas gostosas usando a avenida como passarela, carros com o porta malas levantado com um som doido tocando alto pacas, "temos que lembrar de passar por aqui mais tarde". As mulheres dali valiam o sacrifício de aguentar o calor infernal daquela tarde.
Encostei o carro por alguns segundos pensando em comprar mais cerveja em um daqueles bares. Sai e olhei do outro lado da avenida buscando alguma gata. Vi um velho.

Empurrando um carrinho sujo de sorvetes, com muita dificuldade, o velho prosseguia com olhar triste, suando como eu nunca tinha visto alguém suar antes. Poderia ter virado o rosto novamente e ter esquecido do velho como muitas vezes faço com mendigos ou mesmo com problemas que não posso resolver, mas não. Fiquei olhando.
Ele subia, já sem lágrimas para chorar, e as prosmícuas desciam, rebolando e encarando os homens dos bares. O velho olhava triste para o chão, sem forças para anunciar o que precisava vender para sobreviver, e os bêbados gritavam e riam como macacos , somente pelo prazer de serem idiotas. O prazer de ser idiota, preocupado com coisas inúteis e ridículas, cultivando uma vida vazia.
Foi quando o velho tropeçou de fraqueza, e o carrinho voltou batendo em sua cara, que me vi naqueles bêbados e nas prostitutas, que olhei para mim mesmo, como em um espelho.

Ouvia risos e gritos vindos dos bares, ninguém havia visto o velho.
Olhando para o senhor tentando se levantar para continuar, atravessei a rua e fui ao seu encontro. Olhei de perto seu rosto e corpo queimados pelo sol, sua expressão, suas roupas rasgadas e o peso de seu carrinho de sorvetes. O ajudei a levantar e olhei para o outro lado, todo mundo rindo e bebendo, se beijando e lambendo, cuspindo, falando, fumando, acabando com seus neurônios, acabando com suas vidas. Olhei para o velho, seu rosto triste e seu carrinho.
"Tome senhor, pegue esse dinheiro , não é muito, mas durará por alguns dias... volte para casa."

Eu voltei para casa e passei o dia inteiro, e mais alguns dias depois, pensando no que aconteceu com o velho.
Talvez meu trabalho não seja tão ruim , talvez meu esforço não seja tão inútil e talvez desistir das coisas não é o correto. Não sigo a sério nenhuma religião ou seita, mas depois daquele dia eu comecei a desejar que a história de um lugar tranquilo para as pessoas boas viverem para sempre fosse real. Um lugar para as pessoas boas, como o senhor do sorvete, encontrarem o descanso que não conseguiram nessa vida.

... e hoje, não foi diferente.

Bender diz:



Bite my shiny metal ass ...

sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Capcom.


Um desenho um pouco velho, da época em que eu só pensava em video games, comida e em dormir... puxa, aquilo sim que era vida, pelo menos eu via algum sentido nela.
Eu era viciado em Marvel vs. Capcom, demorei anos pra achar e jogar em minha própria casa. Esse desenho é do Marvel vs. Capcom 2, nunca cheguei a jogar esse, infelizmente .. mas ... não teria mais tempo mesmo.
Ainda gosto de video games, ainda penso em comida e fico maravilhado com a idéia de que eu já durmi mais de 8 horas algum dia na minha vida, incrível.Ainda fico curioso em saber como é a continuação desse jogo, mas pretendo zerar o 1 primeiro, depois de 3 anos tentando, enfrentar o Onslaught está ficando mais fácil.

Indústria de jogos e sua arte pop ...

Cajun Explodion ...

*um dos poucos desenhos coloridos que fiz na vida.

Superman Godfall .

Alguns desenhos que copiei de uma das melhores revistas de quadrinhos que já li, "Superman Godfall" .
Foi esse arco de histórias que me animou a fazer o "Meteoro Boy", o lance da vilã que rouba os poderes e etc. . Também foi nesse conjunto que descobri os desenhos do Michael Turner, capista frequente da DC, desenhou de cabo à rabo a revista.
Não elogie muito o meu desenho, é copiado, qualquer um pode fazer isso se treinar um pouco ... hmm ... ou não ... hahaha ... mas qualquer um pode ler a história, eu recomendo.

*Consegui me reconciliar com os desenhos depois de 2 semanas improdutivo. É a gripe aviária que nos pega de surpresa.