sábado, dezembro 16, 2006

Abismo ...



Se a imagem acima não estiver se movendo é só clicar na mesma p/ a mágica acontecer. Trata-se de um gif que vi em um blog de um suposto ilustrador ... digo suposto porque não achei os trabalhos dele lá grande coisa e as caricaturas toscas.
Bom , mas quem sou eu p/ julgar o trabalho de alguém .. afinal de contas, ele pelo menos consegue viver do seu "talento". E copiei um gif do blog do cara, estão é melhor eu ficar quieto...
Entre todos esses gifinhos que vi pela internet esse com toda certeza é o melhor.

Às vezes fico pensando se essa coisa de talento existe mesmo, vejo tantas pessoas que não são boas no que fazem mas conseguem se manter com aquilo. Talvez o fazer é o principal, mesmo sem talento ... a maioria dos "artistas de mídia" são assim.
Mas e quando o talento se encontra com a inspiração e o fazer?
Em casos assim ocorrem pequenos momentos de criação que marcam uma vida na história, Pink Floyd, Led Zeppelin, Mozart, Goethe, Jack Kirby, Radiohead, Shakespeare, Alan Moore, Picasso,Tom Richmond, Chico Buarque, Stan Lee, Machado de Assis... e por ai vai ..
Nas atuais manifestações artísticas, nos mais variados estilos, esse "boom" não está mais presente. O termo cultura virou sinônimo de dinheiro, e fazer arte agora é fazer dinheiro. É uma questão difícil de discordar, ou vai me dizer que acha "Simple Plan" uma banda altamente cultural? Ou se emociona ao ouvir "Maroon 5" ...
Certo, eu ouço "The Killers" e "The Strokes", mas estou ciente do seu papel incultural na sociedade e de seu fator rotulador de estereótipos. Ainda mais se tratando de música, onde quase toda obra é bem vinda por minha pessoa. Agora como comparar uma obra puramente comercial como Strokes com Pink Floyd, por exemplo? me sinto mal só por ter feito essa comparação.

Inteligência está sendo confundida com alternativismo, personalidade individual está sumindo para os rótulos coletivos tomarem conta. Indies, emos, nerds, alternativos, boys, são tantos as nomeações que você se perde e nem sabe mais quem é quem. Afinal, nessa sociedade cada vez mais individual é bem proprício ter alguém com que você se identifique só ao olhar o estilo, "uau! vc é indie também? gosta de Yeah Yeah Yeahs?" , disfarçar a realidade e a solidão falando em tópicos em inglês no orkut e discutindo coisas extremamente supérfluas sobre bandas, uma visão interessante de felicidade.

O abismo está cada vez maior...
A população pobre, tentando se afirmar entre tantos rótulos presentes, acaba consumindo objetos de um mercado voltado totalmente para o lado oposto de suas realidades.Fazem prestações de mil vezes para comprar uma máquina digital, vestem o punhado de roupas estilosas que compraram deixando de comprar o realmente necessário e tiram fotos em poses animalescas para mostrar pela internet, a segunda realidade. Enquanto os com poder aquisitivo real compram, além dos lixos, os clássicos , para assim ter a base para produzir mais cultura de massa e consequentemente extrair mais dinheiro dos animais do submundo. EUA que o diga ...

Fico assustado quando percebo o tanto de tempo que desperdiço na internet. Mas é tão bom passar a imagem que você quer para as pessoas, ver sua cara em uma janelinha e ficar bisbilhotando a vida falsa dos outros na rede. Ficar sentado ouvindo música e escrevendo teorias fundadas na observação, esquecer que na vida o trabalho e o esforço é fundamental, esquecer que para ser notável é preciso muito esforço, e que talvez você nunca consiga realizar sua obra cultural máxima , como Mozart e os outros .

As coisas são meio estranhas mesmo .. mas nos quadrinhos nós confiamos!

2 comentários:

Anônimo disse...

cara, este texto foi bem gostoso de se ler. acho complicado classificar a sociedade em tópicos, mas minha esperança reside nos ecléticos.

Thiago disse...

ecléticos rapaz! falou tudo, deveria ter escrito algo sobre eles..