sábado, dezembro 30, 2006

De britadeira contra a chapa quente!

Começou ontem na parte da tarde, umas quatro horas...
Grossas agulhas espetando meu cérebro, martelos se chocando dentro do meu crânio, lichadeiras de disco contra um murro de aço, crianças brincando de "yu-gi-oh!" na calçada. Totalmente mal humorado e com ânsias de minuto em minuto pensei: "oh beleza.. poderia viver para sempre com dor de cabeça!". Por que dessa afirmação? bem , é simples ...
Quando estou com dor de cabeça não vejo graça em nada, não penso em nada, não quero nada, falo só o necessário, acho todos idiotas, acho tudo nojento e falso. Talvez uma chave se liga no meu subconsciente me mostrando uma visão mais realista do mundo ... "veja!" .
Certo, agora faz um pouco mais de 24 horas de sensações de ânsias e pontadas. Delícia ... ainda digo "poderia viver para sempre com dor de cabeça!" ...
Pelo que conheço sobre os desenhistas de quadrinhos, muitos sofriam de terríveis dores e úlceras e espasmos e problemas psicológicos e dor no olho, etc. , principalmente os mangakas (é só abrir nas "notas do autor" de qualquer mangá para confirmar ) .
Queria mesmo acreditar que minha prazerosa dor fosse por conta das últimas noites mal dormidas desenhando o "gatinho bonitinho" , mas sei que não, e fico triste por isso. Talvez se eu me esforçar mais e não dormir nem um segundo por noite, por uns 3 dias, consiga sentir a verdadeira dor de um artista quadrinhístico! Essa dor de internet é boa mas não é o suficiente, preciso me esforçar só mais um pouco.

E Luís Dill escreveu:

"Aventura

Nasceu."

Genial ...

terça-feira, dezembro 26, 2006

tic ...

"James.." pensava ele, "você se preocupa demais!" ...

O dia não estava muito quente, comparado com os dias anteriores até que o clima estava agradável, mas James se sentia mal, como se estivesse debaixo de um caldeirão com óleo fervente.
Estava lá, parado, olhando para os carros passando na rua, sozinho, pensando...
Lembrou dos dias anteriores, lembrou da explosão inspiradora que sofreu, lembrou de ontem,das horas que se divertiu tocando sua guitarra, aproveitando seu dom, se sentindo bem.Sentiu sua barriga roncar, não comia nada a horas. Olhava para os produtos,procurava algo que pudesse comer no meio de tanto luxo e abundância. Parou,lembrou-se de como se sente após comer neste horário.
Estava lá, parado, sozinho, olhando para os carros passando na rua... pensando ..
"Música! Vou ouvir música" .. estendeu o braço e ligou o rádio na única estação permitida no local, aumentando o volume lembrou-se de como se sente ouvindo música neste lugar. Voltou ao seu assento, triste em saber que ali não poderia desfrutar nem de seu gosto preferido.
Sentou, ali, parado, olhando para a rua, vendo os carros passarem.. sozinho..
Começou a bater com os dedos na mesa, dando um ritmo a sua angústia e ansiedade. Desviou os olhos da rua e olhou em volta procurando algo a ser feito, em vão.
Olhando para baixo, para a lata de lixo, pensou.. e pensou .. se deprimiu..se contorceu .. fixando os olhos na lata suja.. pensando.. até que se assusta com o vulto que entra e pergunta:

"Vocês vendem cigarros?" ...

domingo, dezembro 24, 2006

"quem é Jesus?"

Estava eu no ônibus de linha 406 - Aquiles, segurando no higiênico ferro de passageiros para não cair, quando reparo na garotinha tranqüila que sentava no banco a minha frente, ela, seus grandes olhos azuis e a vó ...
Aos poucos a menina começou a ficar agitada, desatou a falar coisas filosóficas e teorias, fiquei assustado em ver uma criança daquele tamanho falando aquele tipo de coisa. Parou de repente, cantou então em alto e bom som uma música que ficará na minha cabeça ( e na cabeça de muitos passageiros que a ouviram também) por um bom tempo... " quem é Jesus? eu preciso saber.. quem é Jesus? venha conhecer ... " . Imagine isso, cantado por uma menina de uns 3 anos, sentada séria olhando para frente.
Um questionamento bem propício para a véspera da natal. "Quem é Jesus?" ...
Na metade da família em que cresci a religião evangélica era (ainda é para alguns) a principal fonte de conhecimento, inspiração e verdades acerca das coisas. Me lembro do banco gigante da igreja, das pessoas colocando suas Bíblias nele, de pessoas reparando uma nas outras e um número bem pequeno de idosos na frente prestando atenção no que o pastor dizia, eram os únicos. Não me sentia tocado, nem renovado ... mas um personagem me chavama muita atenção, até porque era quase impossível não o perceber pregado no meio daquela cruz gigante, atrás do pastor, olhando para o chão com cara triste.
Por crescer alguns anos nesse meio e por ter tanta curiosidade pela figura na cruz acabei conseguindo um bom conhecimento sobre a Bíblia, as principais histórias, os sermões, as morais, adquiri a crença em Deus, mas não conseguia descobrir ainda quem era de verdade Jesus, como ele vivia realmente.
Hoje, depois de ler tantos autores suicidas e de ter me descoberto um suicida em ascensão ao nada, acabei perdendo um pouco a crença nas histórias fantásticas da Bíbllia, mas a curiosidade por Jesus ainda é grande. Não para segui-lo e alcançar o "céu", até porque essa idéia de viver para sempre não é comigo, mas sim para conhecer sua vida e como ele lidava com certos problemas e dilemas.
Acredito mesmo que ele tenha vivido entre os homens, não acho que foi inventado, como em uma história qualquer que o autor inventa um personagem, creio que ele viveu e morreu de forma grande, um homem que chamam de Jesus Cristo. Sobre o que ele pregou e como a Bíblia foi escrita já é outro fator, que não quero comentar para não chocar as pessoas. Mesmo se fosse um personagem fictício, sua vida poderia ser muito bem tomada como exemplo pelos ateus por ai afora. Aliás, se nós prestassemos mais atenção nas suas palavras com certeza o mundo estaria melhor. É difícil analisar a vida de alguém sem muito material concreto, a Bíblia expõe mais o lado espiritual, divino, seria querer demais uma análise humana da vida de Jesus, por isso esse é um estudo deveras penoso. Mas o pouco que nos é contado já é o suficiente para mudarmos a forma de pensar e de agir. A humildade, a abnegação e o esforço que Jesus possuia, sendo fictício ou não, é muito grande, e me faz pensar se alguém mais se preocupa em ser , deixando o ter de lado pelo menos nesses dias de natal.
O que aconteceu com a pequena profeta do ônibus? bem ... depois dos primeiros 5 minutos de cantoria, em que os passageiros acharam graça e sorriam encantados com a menina, ela começou a incomodá-los. Quem estava perto começou a fechar a cara, a irmã mais velha da menina começou a descrimina-la por não estar cantando a música de forma correta e a vó deu uma bronca acabando com o show.
Confesso que gostaria que a menina continuasse a cantar a viagem inteira ...
E continuo pensando se as pessoas se preocupam nesses dias de natal ...

Bom Natal ...

sexta-feira, dezembro 22, 2006

Isso é rock and roll baby!

Hoje pela manhã percebi um comportamento no mínimo interessante da "OG".
OG é o "animal" de estimação da minha família nuclear, uma tartaruga, digo "animal" porque costumamos dar essa denominação aos animais irracionais, e, depois de hoje, não consigo considera-la assim.
Ela tem uns 5 anos mais ou menos, e sobrevive a duras penas, não come, não bebe, se contenta em ficar alguns dias dentro do seu aquário minúsculo (para o seu tamanho) saindo em seguida para sua estada de meses no ninho de cabos de tv e rádio que fez atrás do estante.
Cheira mal, defeca pela casa sem o menor pudor, agita, incomoda, se esfrega nas coisas, enfim ... uma fiel representante da família Moura.
Nunca dei muita atenção à ela, mesmo depois de tentar morder meu dedão do pé, não ligava para sua existência. Mas hoje vi a luz, senti os sentimentos em seus olhos e gestos, o swing na sua casca verde, e o nível cultural da pequena tartaruga.
Uma particularidade, a mais marcante, é o fato da OG nunca sair do seu emaranhado de fios, somente em momentos raros, quando ela sente o cheiro de banana ou de algum pé fedido no tapete.
Há alguns dias, enquanto ouvia o cd "Animals" do Pinkão, ela saiu toda agitada e parou perto de onde estava saindo a música. Achei engraçado, mas não dei muita atenção ao fato.
Ontem, quando cheguei em casa e coloquei "Middle" ela saiu novamente, depois da primeira música, e ficou andando e cagando pela casa como se movida por uma vontade maior. Não acreditei no que vi, precisava de uma prova maior para o suposto amor da OG pelo Pink Floyd. Então hoje, após acordar, coloquei novamente "Middle" e sentei para observar o comportamente de minha exímia companheira musical.
"One of These Days" começa a tocar, começo ... meio .. fim .. "A Pillow of Winds" .. e nada .. "merda!", pensei, "não deve estar escutando" .. aumentei o volume ... "Fearless" começa ... "poha.. essa música é massa, sai ai OG!" ... 30 segundos de música e nada .. levantei, desiludido, ia me dirigir ao banheiro, pensando a que nível de loucura cheguei, quando ouço um pequeno barulho de unha no chão... olho e a vejo! parada ao lado da caixa de som, toda agitada, defecando e sorrindo... estava tão emocionado em ter confirmado minha teoria que não conseguia pensar em outra coisa a dizer a ela a não ser ...
"Isso é ROCK'N'ROLL baby!"

sábado, dezembro 16, 2006

Abismo ...



Se a imagem acima não estiver se movendo é só clicar na mesma p/ a mágica acontecer. Trata-se de um gif que vi em um blog de um suposto ilustrador ... digo suposto porque não achei os trabalhos dele lá grande coisa e as caricaturas toscas.
Bom , mas quem sou eu p/ julgar o trabalho de alguém .. afinal de contas, ele pelo menos consegue viver do seu "talento". E copiei um gif do blog do cara, estão é melhor eu ficar quieto...
Entre todos esses gifinhos que vi pela internet esse com toda certeza é o melhor.

Às vezes fico pensando se essa coisa de talento existe mesmo, vejo tantas pessoas que não são boas no que fazem mas conseguem se manter com aquilo. Talvez o fazer é o principal, mesmo sem talento ... a maioria dos "artistas de mídia" são assim.
Mas e quando o talento se encontra com a inspiração e o fazer?
Em casos assim ocorrem pequenos momentos de criação que marcam uma vida na história, Pink Floyd, Led Zeppelin, Mozart, Goethe, Jack Kirby, Radiohead, Shakespeare, Alan Moore, Picasso,Tom Richmond, Chico Buarque, Stan Lee, Machado de Assis... e por ai vai ..
Nas atuais manifestações artísticas, nos mais variados estilos, esse "boom" não está mais presente. O termo cultura virou sinônimo de dinheiro, e fazer arte agora é fazer dinheiro. É uma questão difícil de discordar, ou vai me dizer que acha "Simple Plan" uma banda altamente cultural? Ou se emociona ao ouvir "Maroon 5" ...
Certo, eu ouço "The Killers" e "The Strokes", mas estou ciente do seu papel incultural na sociedade e de seu fator rotulador de estereótipos. Ainda mais se tratando de música, onde quase toda obra é bem vinda por minha pessoa. Agora como comparar uma obra puramente comercial como Strokes com Pink Floyd, por exemplo? me sinto mal só por ter feito essa comparação.

Inteligência está sendo confundida com alternativismo, personalidade individual está sumindo para os rótulos coletivos tomarem conta. Indies, emos, nerds, alternativos, boys, são tantos as nomeações que você se perde e nem sabe mais quem é quem. Afinal, nessa sociedade cada vez mais individual é bem proprício ter alguém com que você se identifique só ao olhar o estilo, "uau! vc é indie também? gosta de Yeah Yeah Yeahs?" , disfarçar a realidade e a solidão falando em tópicos em inglês no orkut e discutindo coisas extremamente supérfluas sobre bandas, uma visão interessante de felicidade.

O abismo está cada vez maior...
A população pobre, tentando se afirmar entre tantos rótulos presentes, acaba consumindo objetos de um mercado voltado totalmente para o lado oposto de suas realidades.Fazem prestações de mil vezes para comprar uma máquina digital, vestem o punhado de roupas estilosas que compraram deixando de comprar o realmente necessário e tiram fotos em poses animalescas para mostrar pela internet, a segunda realidade. Enquanto os com poder aquisitivo real compram, além dos lixos, os clássicos , para assim ter a base para produzir mais cultura de massa e consequentemente extrair mais dinheiro dos animais do submundo. EUA que o diga ...

Fico assustado quando percebo o tanto de tempo que desperdiço na internet. Mas é tão bom passar a imagem que você quer para as pessoas, ver sua cara em uma janelinha e ficar bisbilhotando a vida falsa dos outros na rede. Ficar sentado ouvindo música e escrevendo teorias fundadas na observação, esquecer que na vida o trabalho e o esforço é fundamental, esquecer que para ser notável é preciso muito esforço, e que talvez você nunca consiga realizar sua obra cultural máxima , como Mozart e os outros .

As coisas são meio estranhas mesmo .. mas nos quadrinhos nós confiamos!