quarta-feira, agosto 18, 2010

and after all ... sneak peak.

das motivações para o retorno do blog:

Voltando para casa esses dias atrás - da casa da minha nega, no ônibus e com sono -, lembrei da época em que eu tinha toda a tarde livre, dedicadas a sonolência característica dos filmes da Sessão da Tarde e ao mundo do desenho e quadrinhos.
Isso faz muito tempo.
Eu lia muita coisa na época.
E desenhava o Velhão.

Parei pra pensar o motivo da mudança na rotina dos quadrinhos. E percebi que os anos de trevas posteriores ao período água de coco do colégio me fizeram uma pessoa meio idiota e pouco produtiva.

Diante de tal constatação - de tamanha importância - resolvi voltar a desenhar o Velhão. Em imensa escala dessa vez. E antes que esse pensamento se perdesse no meio das preocupações com os trabalhos da faculdade, falei com meu sócio-roteirista-e dono do Velhão para anunciar o retorno dos tempos dourados.

Juntei também ao desespero de me tornar um empresário de terno e gravata batendo cartão ponto que não trabalha com quadrinhos\ilustração meu gosto pela escrita e leitura - outra coisa que estava se perdendo. Gostava da época que escrevia aqui usando o google como dicionário, fumando cachimbo, rodeado de prostitutas e bebendo pinga.

Oficialmente ainda não retornei ao blog. Preciso mudar o template e revisar posts para dar andamento ao projeto. Porém, contudo, todavia, o espírito velhônico já está entre nós. Amém.

*a parte da cachimbo é brincadeira.



sexta-feira, novembro 07, 2008

os viajantes.

Sozinho na sala ele pensou como são todos apressados - e um pouco em como ele não faz muita falta para seus companheiros. Terminava de desligar seu computador, quando o último pensamento se desfez - um grande amigo o chamou, os melhores ainda o esperavam lá fora.

"Rápido! Como demora ... "

Pegou seu pen-drive e saiu. Ficou feliz em ver que não estava sozinho.

No ponto de despedida seguiu seu rumo, dando "até logo" aos seus importantes amigos. Continuou em frente, sabendo que avistaria no decorrer do caminho outros conhecidos.

Passou por eles, comprimentando-os de forma educada. Estavam em uma efusiva discussão, riam e elogiavam-se.

Mais adiante percebeu aquela garota de que tanto gosta na sua roda de melhores amigas - passou olhando para baixo. E enquanto seguia reto a viu passar correndo à sua frente, rindo com as amigas, e fazer a curva - indo em outra direção -, sumindo do alcance dos olhos depois de um curto tempo.

Seguiu reto sem tremor. Agora entendia como são diferentes os caminhos, e como não é possível seguir ao lado de todos os viajantes.

segunda-feira, julho 14, 2008

Como não fazer nada.

Como não fazer nada? Absolutamente nada?

O trabalho condiciona o sujeito a sempre fazer algo. A pressão que sente quando está em casa assistindo TV é a mesma de quando está ocioso no trabalho.

Não estou bem certo se isso ocorre com todos. Provavelmente não.

Depois de muito trabalho e suor, o operário chega em casa para descansar. Pensa em todas as possibilidades. Sorri para todos os que estão na mesa, senta-se e decide descansar.

Dois minutos depois se levanta incomodado com as companhias, resolve se ausentar, fazer outras coisas.

O operário tem rádio, TV, computador, MP3 Player, Discman, DVD, internet, CD’s, roupas, brinquedos, lápis, livros, revistas, comida, cama, chuveiro, carro, óculos escuros e quase todos os apetrechos indispensáveis para a vida moderna que leva. Ele pensa.

Poderia ouvir música, mas no momento qualquer som o desagrada; poderia escrever, mas não quer pensar; ver filmes nem pensar, está ansioso demais; ler levaria muito tempo; internet o pertuba, a máquina o consome. Deita na cama e fecha os olhos. “Como Da Vinci administrava o seu tempo?”, pensa, incomodado com o tremor da mão direita. “É o nervosismo”.

Em um momento se encontra em uma roda, gigante, onde tudo gira rápido o bastante para que os objetos ao redor não sejam identificados. Ele não se segura mais, solta o apoio e cai de braços apertos no meio do perturbador redemoinho de sentenças, atos, obrigações, futilidades e ideologias. “Como Jesus Cristo”.

Sua busca por uma vida com sentido destruiu sua própria existência.

Por que tinha tudo aquilo? Quantos livros ele realmente entendeu? Quantos objetos realmente usou? Muito menos da metade dos que possui, muito menos.

Quatro dias inteiros para descansar, depois de meses e meses de trabalho intenso, uso incessante e irracional de sua força de trabalho.

Sempre se questionou sobre a real utilidade de seu esforço, mas sua vida passava de um modo abstrato, irreal. Como se estivesse assistindo uma ópera, não conseguia sentir seus atos, agarrar suas visões. Era um espectador. Sufocado por histórias e convicções alheias. O que aconteceu com seu sonho?

Ele não estava morto, os mortos já viveram. Sabia que antes de conseguir viver precisava ir mais fundo que a morte, ir mais longe que o inalcançável e tocar o inatingível.

domingo, junho 08, 2008

O Corvo.


Numa meia-noite agreste, quando eu lia, lento e triste,
Vagos, curiosos tomos de ciências ancestrais,
E já quase adormecia, ouvi o que parecia
O som de algúem que batia levemente a meus umbrais.
"Uma visita", eu me disse, "está batendo a meus umbrais.
É só isto, e nada mais."

(...)

A treva enorme fitando, fiquei perdido receando,
Dúbio e tais sonhos sonhando que os ninguém sonhou iguais.
Mas a noite era infinita, a paz profunda e maldita,
E a única palavra dita foi um nome cheio de ais -
Eu o disse, o nome dela, e o eco disse aos meus ais.
Isso só e nada mais.

(...)

E o corvo, na noite infinda, está ainda, está ainda
No alvo busto de Atena que há por sobre os meus umbrais.
Seu olhar tem a medonha cor de um demônio que sonha,
E a luz lança-lhe a tristonha sombra no chão há mais e mais,
Libertar-se-á... nunca mais!


http://pt.wikisource.org/wiki/O_Corvo_-_Tradu%C3%A7%C3%A3o_de_Fernando_Pessoa

domingo, junho 01, 2008

Leão - treino de hachuras.



Material : Um filme muito bom, muito café, muito chocolate quente, muito chocolate ( caixa de bombons - de prefêrencia da Nestlé ), conversas inspiradoras ... uma foto de um leão, uma folha de papel de caderno de desenho e duas canetas BIC.
*o papel enrugou com a quantidade de tinta da caneta.

quarta-feira, maio 28, 2008

Aline ...


déjà vu?
Gostei desse desenho, tanto que evitei usar o Photoshop para ajustar contrastes e etc., como sempre faço, para manter o máximo de semelhança com o que foi riscado na folha em alguns, não tão poucos, minutos. Gostei mesmo.
material: papel, lápis 2b, e a Aline e sua paciência Jedi .

Manual do Consumidor - Trabalho.


Esse folheto com o Ompa-Lompa clássico apresentando uma máquina é parte de um trabalho onde deveríamos solucionar um problema sem modificar o funcionamento da máquina. O problema não vem ao caso.
Cada pessoa que assistiu a apresentação recebeu um informativo como esse. Infelizmente fazê-lo colorido iria requerer muito dinheiro de estudantes sem tanto dinheiro assim. Mas todos gostaram , inclusive o professor - e, devido à nota, é isso o que importa. :)
E a animação - feita em flash - da máquina funcionando não segue as normas de postagem desse blog, deixo para a próxima. Mas deixo aqui documentado que foi minha primeira animação para algum fim útil, e que gostei.

terça-feira, maio 20, 2008

Saudade.

Em uma tarde de trabalho no escritório, não muito quente, não muito fria, enquanto desenhava idéias para algo não muito importante, rodeado por pessoas distantes em seus pensamentos, ouvi uma delas - uma garota - parar com o que estava fazendo e pegar o telefone.

Talvez - posso estar enganado - ninguém mais tenha percebido, infelizmente; concentrados que estavam em aparentar-se concentrados, ou em atividades que não mereciam tanta concentração. Mas o fato é que eu, reparando no jeito dela, também parei com o que fazia; e escutei a curta conversa ...

"Alô? Oi! Tudo bem? Está Ocupado?" ... "Ah" .. "Sim, tudo bem" ... "Eu só liguei porque estava com saudade" ..." Te amo, beijo!" ...

Após desligar ela voltou para o computador, sorrindo. E eu, pela primeira vez na vida, senti algo que talvez poderia ser classificado como inveja; imaginando como o resto do dia da pessoa do outro lado da linha iria ser bom depois daquilo.